terça-feira, 26 de agosto de 2014

E como anda o nosso forró eletrônico?

Por Leonardo Dias

(Foto: Reprodução/ Blog Santa-cruzense)

Pegada envolvente, letras que retratam a depravação de mulheres e incitação ao consumo de bebidas alcoólicas. É neste contexto que se encaixa o atual forró eletrônico. O ritmo que por muito tempo deu lugar a letras ricas de ícones que levaram a um tom refinado de romantismo, responsável por unir corações apaixonados, hoje tem caminhos convergido para o cenário da ostentação - mulher, cachaça. 

A falta de união entre os grupos de forró, talvez, seja um fator que tenha contribuído para a decadência em que o principal segmento musical do do nordeste brasileiro vivencia no momento atual. Muito se pergunta o porque do forró não ter crescido e conquistado o país, assim como ocorreu com o sertanejo universitário. A reposta é simples: a rivalidade entre empresários, cantores e fãs, escancarou uma crise no forró. Hoje, o estilo está engessado, enfrentando uma perda de identidade, que é ratificada pelas grandes influências que vem ganhando do arrocha, sertanejo e samba, que o forró nos últimos cinco anos. 

Quem acompanha atentamente as notícias de bastidores do meio forrozeiro, sabe o quanto surgem especulações envolvendo rixas de vocalistas e grupos musicais a cada semana. O monopólio de produtoras de forró, que determina qual grupo irá predominar em shows da região também é outro fator que causa a queda do estilo. 

O fato, é que há muito tempo que o forró não consegue emplacar uma música no cenário nacional. Hits como : 'Me usa', interpretada pela paraibana Magníficos, 'Saga de um vaqueiro', sucesso na cearense Mastruz com Leite, Você não vale nada, mas eu gosto de você', do Dorgival Dantas, estourada na banda sergipana Calcinha Preta; e 'Correndo atrás de mim', sucesso do Renato Moreno e interpretada pelo Aviões do Forró, são pequenos passos quando se comparado ao número de bandas de forró registradas em todo o país - três mil, segundo levantamento promovido pela Associação Brasileira de Bandas de Forró (ABBF). 

Por esses e outros motivos, difícil mesmo é manter durante décadas a permanência de cantores a frente de grandes bandas. O Calcinha Preta, por exemplo, ganhou um apelido de 'Seleção brasileira do forró', isso porque ao longo dos anos, o casting de cantores é renovado - fator determinado não somente pelo empresário da banda, mas por desejo do cantor -, criando uma escalação de vocalistas ao grupo. Desde formado, em 1996, o Calcinha já integrou nos vocais da banda, cerca de 30 cantores. Todas vozes são bem aproveitadas em um extenso repertório, são 28 CDs, 4 DVDs, e cerca de 15 milhões de cópias vendidas. O grupo mostra que mesmo com as constantes alterações de cantores, consegue se manter em alta no mercado forrozeiro. 

Em contra partida, o grupo Aviões do Forró é sinônimo de planejamento que deu certo. Isso porque há 11 anos, a banda cearense mantém nos vocais os mesmos cantores.  Solange Almeida e Xand Avião são nomes bastante lembrados quando se fala em forró eletrônico. 

Nesta onda de idas e vindas do forró, o que fica é a saudade de grandes cantores em bandas, que durante muito tempo fizeram valer a bandeira do ritmo, deixando como lembrança, belas letras e canções que nos fazem recordar momentos inesquecíveis da vida.

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